O treinamento funcional pode ser descrito como um meio de aprimoramento da capacidade funcional do corpo humano, melhorando todas as qualidades do sistema musculoesquelético refletindo nas atividades do dia-a-dia ou ainda nos gestos esportivos específicos (CAMPOS e CORAUCCI NETO, 2008). Este método de treinamento tem como base treinar a “função” desempenhada pelo corpo em uma atividade específica.
O treinamento funcional que é aplicado atualmente como uma metodologia de desenvolvimento do condicionamento físico e das capacidades físicas (equilíbrio, força, velocidade, coordenação, flexibilidade e resistência) não é uma novidade. A funcionalidade do corpo dos homens primitivos sempre foi uma questão de sobrevivência, seguindo este pressuposto, o treinamento funcional foi baseado nos movimentos fundamentais do homem primitivo: agachar, levantar, empurrar, puxar e girar. Antes de ser criado um programa de treinamento funcional deverão ser observados os padrões de movimentos do esporte em questão e utilizar o treinamento para reforçá-los (WIKIPÉDIA, 2010; BOYLE, 2003). No surf podem ser observados os movimentos de puxar e empurrar durante a remada, empurrar e levantar durante o drop, e agachar e girar durante as manobras sobre a onda. A maioria dos movimentos realizados na prática são movimentos integrados que recrutam grande parte do sistema muscular do surfista. Além dos movimentos utilizados, o treinamento funcional também irá trabalhar o fortalecimento da musculatura do “core” que é descrito por este método como o centro de produção de força no corpo. O “core” é formado pelos músculos: transverso abdominal, oblíquo interno e externo, multífidus, eretor da espinha, ílio-psoas, bíceps femoral, adutor, glúteo máximo e reto abdominal. Pode também ser descrito como uma estrutura que envolve a coluna vertebral, região abdominal, cintura escapular e cintura pélvica.
Segundo D’Elia (2010) estes músculos que compõem o “core” são responsáveis pela estabilização corporal. É nesta região corporal que deve ser iniciada a produção de força durante todos os movimentos. No surf o “core” deve estar sempre bem treinado para que haja uma maior eficiência dos movimentos de rotação e retomada de equilíbrio durante as manobras. De uma forma geral os movimentos funcionais podem ser descritos apenas com o empurrar e puxar. Sendo segmentados em empurrar na vertical e horizontal, e puxar na vertical e horizontal. Os movimentos de membros inferiores também nessa segmentação de puxar e empurrar seriam divididos em movimentos com dominância do joelho (agachamentos, afundo) ou de quadril (flexões de tronco). Utilizando esta divisão nos movimentos, o treinamento funcional na preparação física do surf pode ser utilizado como uma ferramenta de desenvolvimento da musculatura de estabilização corporal e também como uma forma de treinar os movimentos que são realizados na prática. Através deste método de treinamento o surfista poderá desempenhar suas funções no surf com uma maior destreza e precisão, minimizando a probabilidade de lesões em situações adversas (quedas).
Referências:
BOYLE, Michael. Functional Training for Sports. 1 ed. Champaign: Human Kinetics, 208 p, 2003.
CAMPOS, Maurício de Arruda; CORAUCCI NETO, Bruno. Treinamento Funcional Resistido – Para Melhoria a Capacidade Funcional e Reabilitação de Lesões Musculoesqueléticas. Rio de Janeiro: Revinter. 319 p. 2008.
D’ELIA, Luciano. Core 360° - Fundamentos do Treinamento Funcional. Manual Técnico: Módulo 1. Florianópolis, Julho de 2010.
WIKIPÉDIA. A enciclopédia livre. Treinamento Funcional. Disponível em: . Acesso em: 9 de Julho de 2010.